Livro: Budapeste [Chico Buarque]



Achei Budapeste em um sebo — o sebo Avenida, a propósito, vagando após o almoço pela avenida do hotel onde nos hospedamos para a prova da UEM. Comprei, meio desnorteada pela capa traseira (isso existe? Qual é o termo correto?) do livro, escrita ao contrário, como se eu a tentasse ler refletida em um espelho. Pois comecei a ler sem nunca ter lido nada de Chique Buarque, num ritmo vertiginoso e descuidado, sem parar para ler um trecho pela segunda vez. Desnorteei-me, afogada no próprio estilo inebriante do livro (ao menos para mim). O livro todo é como alguém que tem vertigem e anda aos tropeços e ímpetos, e uma narrativa que poderia ser considerada simples e banal de um trecho da vida de José Costa, ghostwriter (um escritor anônimo, que escreve para que sua autoria seja reivindicada por outros), a um mergulho fascinante. Ao cabo de uma tarde tudo estava lido, e mirei sua capa mostarda, tão citada na obra, com o estranhamento de quem a olhasse pela primeira vez. E sorri, pensando no porquê de nunca ter visto tal livro em alguma livraria ou estante, feliz por tão bem gastos reais e pela tarde ensolarada que se encerrava com um pôr do sol invernal, dourado e cálido. Sinto que não disse nada sobre o livro, ainda sob o seu efeito, mas oi, querida, sou eu, estou em Budapeste, deu um bode no avião, um beijo. 
Nunca vi esse livro à venda: talvez eu seja distraída, talvez nunca tenha pesquisado nenhuma obra escrita de Chico Buarque. 


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