Livro: O Sol Também É Uma Estrela [Nicola Yoon]

 


Na semana passada comecei e terminei o livro O Sol Também É Uma Estrela, escrito por Nicola Yoon. Ela é uma escritora jamaicana-americana, conhecida pela obra Tudo e Todas as Coisas, e esse foi o meu primeiro contato com a sua escrita. Sei que há produções cinematográficas para ambas as obras, mas não assisti nenhuma. 

Ou seja, eu realmente não sabia muito bem o que esperar.

A narrativa principal do livro é sobre como Natasha, uma garota jamaicana muito pragmática que vive nos Estados Unidos desde os oito anos, e Daniel, um garoto estadunidense e sonhador de ascedência coreana, acabam se encontrando e se conhecendo entre as milhares de pessoas que caminham pelas calçadas de Nova York. Natasha está a doze horas de ser deportada para seu país de origem, a Jamaica, mas Daniel não sabe disso.

O que você acha que aconteceria a partir desses fatos iniciais em um livro jovem adulto (o famoso Young Adult, ou YA)? Eles se apaixonam, claro. E isso não é um spoiler, é o cerne da narrativa! A partir dela, fui apresentada à Nova York descrita por Nicola Yoon, que encheu o livro de descrições ricas em detalhes e pontos de referência. Eu nunca estive na cidade, e fiquei pensando que seria possível fazer um tour de O Sol Também Não É Uma Estrela: na loja de discos que ela cita, pelas avenidas, no restaurante coreano, no karaoke e pelo museu que Natasha tanto ama. Acho que isso vale um post somente com as referências desses locais! 

Além disso, Nicola Yoon também apresenta uma variedade de personagens. Todos eles afetam, de uma maneira ou outra, o romance entre Natasha e Daniel, que se desenvolve em pouquíssimas horas: o pai da garota, a guarda de um departamento público, a secretária do advogado que Natasha procura, um corretor de seguros. E esse é um dos elementos que achei mais interessantes: os narradores se alternam na narrativa dos capítulos. Há narração em primeira e terceira pessoa, e capítulos nos quais Natasha e Daniel sequer estão presentes, o que torna ainda mais surpreendente a percepção de que, ao final do romance, as histórias de todas essas pessoas são conectadas de alguma forma.  

O Sol Também Não É Uma Estrela é um romance jovem. Por isso, também envolve uma problemática característica do gênero YA: o futuro. Enquanto Natasha, como garota pragmática que é, já tinha a sua carreira e suas convicções delineadas — até que a deportação iminente desestabilizasse seus planos —, Daniel teve seu futuro delineado pelos pais coreanos. Ele será médico, estudará em Yale, arranjará uma boa esposa e formará uma boa família; tudo isso para evitar a pobreza e a miséria da qual sua família fugiu quando emigrou da Coreia do Sul. Mas nem a reviravolta que ocorreu na vida de Natasha, nem o futuro determinado para Daniel agrada a qualquer um dos dois. Como eu disse, essa é uma problemática clássica do gênero, e não achei que foi um diferencial na história. Os outros detalhes — mais característicos — foram muito mais interessantes, como as referências a ciência e física que permeiam todo o romance.

Por fim, o que não pode faltar por aqui é o levantamento das comidas que são citadas durante a narrativa. Eu sempre reparo nisso enquanto estou lendo — não importa que livro seja — e cultivo uma listinha com pratos e receitas que são citadas! Em O Sol Também É Uma Estrela, foram citados:
  • Torta de maçã - na metáfora inicial do livro: para fazer uma torta de maçã, você precisa criar um Universo inteiro;
  • Mandu - chamado de gyoza em japonês, é como um pastel de massa recheado com carne ou legumes cozido no vapor. A mãe de Daniel faz para ele como um petisco! Pesquisei "mandu receita" no google e achei várias formas de fazer;
  • Soon Dubu (Sundubujjigae) - é uma sopa coreana de tofu! Achei uma boa explicação para os ingredientes e o modo de fazer nesse blog;
  • Toeji kalbi kui - é churrasco picante de costeleta de porco, marinado em um molho super especial;
  • Pa Jun - é uma panqueca coreana com cebolinha verde! Fun fact: fui pesquisar no google "pa jun receita" e só tinha notícias da Receita Federal Brasileira. Por isso, pesquisei em inglês e achei vários jeitos de fazer o Pa Jun, que pode ser um lanchinho, um aperitivo ou um acompanhamento de uma refeição principal. A receita mais simples e aparentemente mais gostosa que achei foi essa aqui.
  • Patbingsu - é um sorvete raspado coreano com coberturas como morangos, kiwis, bananas e melões picados, geleia, leite condensado, xarope de frutas e feijão vermelho. Existem várias variações e modos de montagem diferentes! Penso que não é uma receita para se fazer em casa, mas para experimentar fora: sei que no bairro da Liberdade, em São Paulo, há pelo menos três estabelecimentos especializados em Patbingsu — o Snow Fall, o Iglu Snow Ice e a Spoonful Creamery. Todos são muito bons, testados e aprovados pela escritora desse post.

Depois de tanta comida boa, concluo dizendo que esse foi um livro do qual gostei muito, e com certeza colocarei em listas de recomendações para amigues leitores! Um romance curto, cheio de detalhes interessantes e com muito amorzinho inesperado. <3




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